Roteiro da Cidade: O alfabeto do Granito

Seia
Na serra da Estrela existem cerca de 10 tipos diferentes de granitos que constituem o essencial do alfabeto da história da arquitetura de Seia.

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Iniciamos este percurso visitando a Capela de S. Pedro, situada no Largo da Misericórdia. Trata-se de um edifício classificado como Monumento Nacional, onde coexistem vários estilos arquitetónicos, resultantes das várias intervenções. A partir de uma base marcadamente românica e austera, são visíveis elementos manuelinos e moçárabes nos azulejos e na belíssima abóbada estrelada, decorada com motivos florais e um leão alusivo ao brasão da família Botelho, que culmina com o fecho central rematado com a Cruz de Cristo.

Desconhece-se a data de construção da Igreja da Misericórdia e da Casa do Despacho a ela associada. Ambas sofreram várias ampliações e beneficiações ao longo dos anos, denotando-se, atualmente, traços do barroco rococó e outros de inspiração neoclássica marcadamente novecentistas.

Observe e visite a Biblioteca Municipal, antigo Solar da Família Miranda Brandão, como um excelente exemplo de arquitetura civil, inserida na tipologia regional, de cariz funcional com grande contenção decorativa. A Fonte das Quatro Bicas, situada entre a Igreja da Misericórdia e o edifício da Biblioteca Municipal, é um monumento de arquitetura civil com alguns elementos a destacar, nomeadamente o obelisco, assente em cinco esferas, com o brasão de armas da Vila de Seia lavrado numa das faces.

Ainda nesta zona central da cidade de Seia, conheça o Solar dos Botelhos, construído no final do séc. XV e princípio do séc. XVI. Apresenta uma fachada austera e janelas manuelinas e ilustra o poder das velhas famílias da antiga Província das Beiras.

Na Praça da República deparamo-nos com o alvorecer do séc. XX – com exemplos de uma tipologia enquadrável nos “chalets”, com comércio nos pisos térreos e habitações nos pisos superiores. Alguns edifícios apresentam azulejos nas fachadas, mas o granito está sempre presente. O pelourinho localizado nesta praça foi um símbolo da autonomia municipal e um manuscrito de justiça onde eram aplicados castigos e mutilações. Situado no extremo da Avenida, o Pelourinho é uma reconstituição do original, destruído em data incerta e do qual não ficaram testemunhos iconográficos. A sua reconstituição foi realizada a partir de testemunhos orais.

A história da Casa Municipal das Artes começa em 1825, ano em que a Câmara aprova a sua reconstrução para servir de residência ao juiz de fora e de salão para as Sessões de Câmara. Da Casa das Artes sugerimos a subida à atual Igreja Matriz, monumento relativamente recente (finais do séc. XIX), situado no Largo Dr. José Quelhas Bigotte. A Matriz destaca-se claramente no recorte da cidade, na presença da Imagem da Nossa Senhora da Assunção.

Do adro da Igreja Matriz avista-se um largo panorama e um edificado de casas senhoriais e habitações modestas, destacando-se, neste conjunto, alguns raros traços de habitações judaicas situadas na atual Rua 1º de Dezembro. Da Rua 1º de Dezembro à Casa das Obras (catual sede do Município) merece destaque a Capela do Santo Cristo do Calvário, supostamente construída no final do séc. XVI.

Casa das Obras, residencial senhorial, onde funciona os Paços do Concelho. Desde 1948 foi sofrendo sucessivas obras de remodelação e conservação do interior e do exterior das quais se destacam a escadaria, os vitrais, a sua adaptação e modernização, pois cada detalhe foi estudado para uma perfeita harmonização entre os elementos originais e modernos.

A Fonte da Casa das Obras, fontanário de granito com tanque de formas curvilíneas e que integraria a área ajardinada fronteira à casa exibe o Brasão de Armas da Vila de Seia, representadas pela Torre ameada, ladeada de duas árvores e com uma estrela no topo, terminando assim o percurso pelos granitos de Seia.